Dirigente do MAC diz que agentes de Nescau o orientaram a não se reapresentar

Alysson Souza: “O Nescau está lá (Dubai) com a cabeça poluída por conta desses agentes”

Por Jorge Luiz/foto: Edio Jr.

 

A venda frustrada do atacante Gustavo Nescau para os Emirados Árabes gerou um grande atrito entre o Marília Atlético Clube (MAC) e a empresa Casa Soccer, que administra a carreira do jogador. Em entrevista ao programa ‘Bate Bola’, da TV Canal 4, na segunda-feira (dia 8), o vice-presidente maqueano, Alysson Souza fez duras criticas aos agentes na condução do caso.

“O que me deixou chateado foi que funcionários do escritório incentivaram o Nescau a não se reapresentar ao Marília. Incentivando o atleta a voltar ao Brasil e ficar em Piracicaba sem trabalhar. Eu recebi um áudio do Gustavo e nem respondi, quando ele disse isso. O Vagner (Silva, diretor executivo) estava tratando do caso e disse para ele assim: ‘Gustavo, o seu futuro está em suas mãos. As consequências disso serão arcadas somente por você’. Familiares do Nescau ligando para dizer: ‘você não vai prejudicar meu filho, deixa ele ficar lá’. Eu não tenho nada contra, desde que o clube faça proposta oficial”, declarou Alysson Souza.

O dirigente do Alviceleste disse que fez uma representação na Fifa, na segunda-feira (dia 8), contra o clube (árabe) e o escritório, que estariam forçando o atleta a não se apresentar ao MAC e a não cumprir seu contrato, que se encerra somente em fevereiro de 2023. “Vai dar problema. Sou um cara do bem, mas adoro entrar numa briga. Se precisar entrar judicialmente e tomar outras medidas, nós vamos tomar. O que está acontecendo é uma falta de respeito com o MAC. O escritório me chamou para uma conversa, dizendo que era dono de percentual do atleta. Não é proprietário de nada. Proprietário de direito federativo e percentual econômico de atleta é do clube. A Lei Pelé é clara. Esses caras querem ser donos de atleta, é uma vergonha. Não sou contra quem ganha comissão pela negociação. Os agentes ganhariam valor X e o Marília X. Os árabes comprariam 60% e os outros 40% ficariam com o Marília”, frisou.

 

Desgaste ainda maior – Alysson Souza disse que a relação com a Casa Soccer ficou ainda pior depois que o diretor executivo Vagner Silva, foi ofendido.

“O Vagner foi brutalmente atacado por palavras de baixo calão por pessoas desse escritório, inclusive esses ataques foram gravados, nós temos provas disso e vão ser levadas à Justiça se necessário for. Foi extremamente desagradável a forma com que esse pessoal está tratando. Conversei com o Nescau na segunda-feira, ele estava bem, claro um pouco chateado com a transação que não deu certo. Iludiram o menino, assim como iludiram o MAC”.

O vice-presidente explicou como foi o processo de negociação com os árabes. “A conversa é que ele iria para lá (Dubai) fazer uma avaliação de comportamento e aí já teria a proposta, o pré-contrato, o contrato e a transferência. Ou seja, o início da negociação. Havia dois clubes interessados. O primeiro clube não concretizou rapidamente e disse que não e o segundo se interessou e ficou com ele. O que acontece, a janela de transferência fechou, a proposta não aconteceu e o negócio não se concretizou. O Marília revogou um documento que dava 30 dias para o Nescau ficar lá até concretizar a negociação, mas com a janela fechada não havia mais sentindo continuar lá. Aí veio o mal estar com os agentes. Eles disseram que o atleta não vai mais comparecer ao Marília. Falei que o MAC foi enganado e não foi pago”.

“O Nescau está lá com a cabeça poluída por conta desses agentes, não vou citar nomes. O André Cruz nunca entrou em contato com o Marília, e sim funcionários dele. Quando ele estava aqui passando fome, depois da Taça São Paulo (2020), ninguém ligou para mim. No dia que eu fiz o contrato profissional com ele, tirando-o debaixo da arquibancada (alojamento), dando suporte ao atleta, aí começaram a ligar, perguntando o que eu queria com o atleta”, lembrou o dirigente maqueano.

 

À espera de Nescau – Alysson Souza acredita que o centroavante irá se apresentar ao MAC. A chegada ao Brasil estava prevista para segunda-feira (dia 8) e a incorporação ao elenco na terça (9). Porém, contratempos impediram a volta nessa data.

“O Nescau disse que vai se apresentar, mas só tal dia. Com todo o respeito, ele é funcionário e não devia ter essa atitude. A princípio, o Nescau foi para Dubai com uma passagem de volta para o dia 17 de fevereiro. Como não aconteceu o acordo, essa passagem foi antecipada para dia 8, só que os protocolos de segurança exigiam o teste de Covid para viajar. Como houve essa resistência das pessoas ligadas ao escritório que representa o atleta, eles não levaram o Gustavo para fazer o teste e as companhias aéreas não permitem o embarque sem o exame e aí nós transferimos a passagem para quinta-feira (11). Já expirou o prazo que era segunda-feira para se apresentar. Tudo que ele os agentes fizerem daqui pra frente, cabe responsabilização. Está tudo documentado, conversas de ‘Whatsapp’ e notificações. Porém, não é o que nós queremos. O Nescau é patrimônio do clube, mas na verdade ele está atrapalhando a carreira dele. Vamos aguardar, eu acredito que ele venha e vá jogar”, finalizou.

A reportagem JM entrou em contato com os representantes da Casa Soccer, que disseram que irão se pronunciar sobre as declarações do dirigente maqueanos, nos próximos dias.