editorial

                        Dória acumula derrotas

 

Fechou o tempo no ninho tucano! Mas para o governador João Doria Jr. parece mesmo que ele mexeu num vespeiro, com picadas por todos os lados. Arrogante e se achando o rei da cocada preta, Doria começou a fazer imposições ao PSDB, como se fosse uma grande expressão dentro do partido, se esquecendo que há muito mais caciques tarimbados que falam bem mais alto no meio tucano.


Não bastasse a tentativa frustrada de expulsar o deputado federal, ex-senador e ex-presidente do PSDB, Aécio Neves, João Doria ainda queria assumir a presidência do partido em eleição marcada para maio. Isso fez os caciques torcerem os narizes e resolveram dar o troco de imediato para o governador de São Paulo.


O PSDB renovou o mandato de seu presidente, Bruno Araújo, por mais um ano a partir de maio, impondo derrota ao governador João Doria após ele ter aberto uma crise na sigla. Na última segunda-feira (8), em um jantar no Palácio dos Bandeirantes, aliados do tucano apresentaram a ideia de colocá-lo na cadeira de Araújo ao fim do mandato do dirigente.


Com isso, buscariam fortalecer a posição de Doria no partido, visando acentuar o caráter de oposição ao governo de Jair Bolsonaro e unificar a sigla em torno da candidatura presidencial do governador em 2022.

Acontece que os tucanos não querem ser oposição a Bolsonaro.


O próprio Bruno Araújo estava no jantar e se viu surpreendido pelo anúncio. Outros presentes não alinhados com Doria, como o ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira e o líder na Câmara, Rodrigo de Castro, apresentaram objeções à ideia. Foi a gota d´água para a cúpula dar um basta em Doria, colocando-o no seu devido lugar.


A questão da prorrogação do mandato de Araújo evoluiu negativamente para Doria. Um movimento de todos os diretórios estaduais do partido sugeriu uma recondução geral de mandatos, usando a pandemia como desculpa. Na realidade, queriam dar um sinal ao governador de São Paulo.


Ficou claro ao governador que o partido vai vender caro a unidade para 2022. A apresentação do governador gaúcho Eduardo Leite como alternativa presidencial, antes vista apenas como um diversionismo de adversários de Doria, agora é um fato concreto. Em um almoço em Porto Alegre com 21 parlamentares na quinta (11), Leite sinalizou que topa assumir a posição e complicou a intenção de Doria em ser candidato a presidente no ano que vem.


Ontem, na reunião da Executiva Nacional que reconduziu Araújo, Aécio Neves apresentou um requerimento para que sejam marcadas prévias no primeiro trimestre de 2022 para a escolha do candidato tucano ao Palácio do Planalto. O presidente tucano, Bruno Araújo terá de marcar novo encontro virtual para discutir o assunto, o que garantiria a incerteza sobre a posição da legenda acerca da candidatura de Doria. Está provado que o governador paulista não é unanimidade nem no PSDB e que será difícil ter apoio de outros partidos que já são ligados aos tucanos. Doria se achava com a bola toda... mas está murchando!