editorial

 

                        Conta-gotas

 

Depois do estardalhaço circense do governador João Doria minutos após a aprovação pela Anvisa do uso emergencial da vacina CoronaVac, contra covid-19, no dia 17 de janeiro, quando participou de um evento para vacinar a enfermeira Mônica Calazans, tornando-a a primeira pessoa no Brasil a receber um imunizante, as coisas mudaram muito. Para pior! João Doria quis na verdade sair na frente do governo federal como o pai da vacina, sempre exaltando a vacina do laboratório chinês Sinovac, que produz junto com Instituto Butatan a CoronaVac.

Foi mesmo um carnaval antecipado e agora nem sequer haverá carnaval em fevereiro por causa da pandemia e da situação ainda mais preocupando em todo o Estado de São Paulo. Tudo isso seria resolvido rapidamente, segundo o governador paulista, com a vacinação, que já tinha inclusive calendário que foi divulgado a toque de caixa.


Acontece que não há vacinas suficientes para a vacinação em todos os municípios paulistas, que estão recebendo lotes de vacina no sistema “conta-gotas”.


Até agora, quase um mês depois do “espetáculo da vacina” o governo do Estado não conseguiu vacinar nem 1% da população, não passando do grupo de pessoas ligadas ao sistema de saúde, clínicas e hospitais. Foi preciso inclusive prorrogar a vacinação de idosos e só ontem foi feita para aqueles acima de 90 anos. O sistema “conta-gotas” programou para a próxima segunda-feira, dia 15, vacinação apenas para quem tem entre 85 e 89 anos. Abaixo disso, mesmo sendo idosos, não há definição de datas, já que depende do envio de novos lotes da vacina, tanto pelo governo do Estado como pelo Ministério da Saúde.

João Doria ficou tão entusiasmado com a CoronaVac que chegou a lançar, no dia 20 de janeiro, uma campanha. O comercial do governo paulista para divulgar a CoronaVac e promover a vacinação contra a covid-19 foi mais uma peça publicitária da gestão tucana, que tenta capitalizar com o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.


No material divulgado pela gestão Doria, o locutor afirma que a CoronaVac “não é só a vacina que vence o coronavírus. É a vacina que vence a incerteza, que devolve a esperança, que devolve sorrisos, que vai devolver encontros. É a vacina que une todos nós em torno do mesmo objetivo: acabar de vez com a covid-19“. A peça publicitária chamou a atenção para o calendário de vacinação e promoveu o site criado pelo governo Doria para pré-cadastro de interessados em receber as doses.

“Vacine-se por você, pela sua família, pelos seus amigos e por quem você nem conhece, mas quer o mesmo que você. Se a vacina é do Butantan, você pode confiar. É do Butantan. É de São Paulo, é do Brasil”, finaliza o comercial.   

                

Milhares de pessoas que fizeram o pré-cadastro ficaram “a ver navios”, sem saber exatamente quando serão vacinadas. A previsão super otmista de Doria de vacinar todo o Estado até março/abril, já passou para “até o final do ano”. Tudo a conta-gotas!